Utentes do Centro de Convívio do Pinhal partilham tradições de S. Martinho com alunos da Josefa de Óbidos

Sofia Gomes, Lurdes Pires, Maria Perfeito, Conceição Silva e Graziela Silva, utentes do Centro de Convívio do Pinhal, estiveram esta segunda-feira com duas turmas de 9º ano do Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos (AEJO), com quem partilharam experiências e memórias do Dia de São Martinho.

“Na nossa altura era tudo muito diferente. Eram épocas de muita pobreza, muito difíceis”, contava Sofia Gomes, 83 anos. “Tínhamos pevides, tremoços, chouriços… O meu pai fazia vinho… Comia-se o que havia e o que a terra nos dava”.

“Quando andava na escola, a minha professora mandava os rapazes irem buscar um braço de lenha e nós, as raparigas, trazíamos as castanhas. Ela depois lá fazia uma pequena fogueira para as assarmos. Mas nada como agora. Agora há de tudo e mais alguma coisa”, lembrou, por seu turno, Lurdes Pires, de 79 anos.

Na altura, o “Pão por Deus” era já tradição. “Mas não havia o que há hoje… O nosso ‘Pão por Deus’ era feito de maçãs, de duas ou três castanhas, nozes e, quando havia batata doce, era uma festa”. “Faziam-se ferraduras mas essas eram escondidas para se irem comendo e para chegarem para todos”.

A iniciativa deste “Dia de São Martinho”, que serviu para assinalar a efeméride, partiu do Grupo de Português do 3º CEB do AEJO, e pretendeu acima de tudo contribuir para preservar uma tradição que atravessa gerações. “Foi uma ideia que fomos construindo, e que começou com a recolha, por parte dos alunos, de alguns provérbios”, explicaram esta segunda-feira as professoras Lurdes Clemente e Ana Francisco. “Pensámos depois em juntar os mais velhos para completar esse conhecimento sobre as tradições do nosso país, que devem ser preservadas, e este foi o resultado”.

Entre os momentos de partilha – com direito a troca de perguntas e experiências entre os jovens e as utentes do Centro de Convívio do Pinhal – houve também lugar à leitura de poemas, a um momento musical, e também à entrega de um saco de broas, confecionadas pelos alunos da escola.

Reza a lenda que Martinho encontrou um mendigo num dia de muito frio e chuva. Sem hesitação, ofereceu-lhe metade da sua capa para o agasalhar. Com este ato de generosidade, o frio e a chuva deram lugar a um dia solarengo.

O Dia de São Martinho é hoje assinalado um pouco por todo o país. Celebra-se com castanhas assadas, vinho, água-pé e muita festa.

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