“A poesia está mais viva na publicação do que há 20 anos”

O escritor e editor Jorge Reis-Sá garantiu que hoje há mais livros de poesia no mercado do que há 20 anos, durante a conversa sobre “A edição de poesia como serviço público” com Duarte Azinheira, diretor editorial da Imprensa Nacional Casa da Moeda, que decorreu no FOLIO. Apesar disso, revelou que as tiragens se situam apenas entre os 100 e os 300 exemplares.

“A impressão digital permite que o investimento seja muito baixo, em comparação com a offset. Qualquer pessoa pode editar ou juntar os amigos e fazer antologias. Há 20 anos isso não era possível”, afirmou José Reis-Sá. “Fazíamos 500 ou mil exemplares e eles vendiam-se”, assegurou, dando como exemplo o poeta António Ramos Rosa, que vendia 1500 exemplares.

Convidado pela Imprensa Nacional a recriar a coleção Plural, lançada por Vasco Graça Moura, como espaço dedicado à poesia em língua portuguesa, Reis-Sá referiu que a tiragem média de livros de poesia é igual em França e em Portugal, apesar daquele país ter sete vezes mais habitantes. “As pessoas em Portugal têm um interesse pela poesia que não é muito habitual. A nossa tradição lírica é muito rica”, justificou.

O editor da coleção Plural atribuiu ainda o gosto dos jovens e dos adultos por poesia a Fernando Pessoa, cuja importância é reconhecida a nível mundial. Referiu ainda que a existência de várias correntes também contribui para que as pessoas possam escolher a poesia com que mais se identificam. “Somos um país de leitores de poesia. Temos uma ligação histórica e quase carnal com a poesia.”

Jorge Reis-Sá manifestou-se, por isso, satisfeito que um livro de poesia venda 500 exemplares em Portugal, tendo em conta que a tiragem de um romance de um novo escritor é de 1500 ou 2000 exemplares. Quanto à edição de livros de poesia escritos por mulheres, explicou que o género não é considerado na seleção das melhores obras. “Olho e percebo o que faz sentido”, explicou. Além disso, referiu que a percentagem de poetas do género masculino é muito superior à do género feminino. “Vamos publicar a Salette Tavares [poetisa moçambicana], que tem 1200 páginas, pelo que vale por quatro homens”, brincou.

Informações em obidos.pt  e foliofestival.com

Nota de imprensa

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