Ricardo Araújo Pereira fala sobre Liberdade de Expressão: “Há uma inclinação das pessoas para serem literais”

“Sociedades iguais à nossa têm entendido que é mais prejudicial mandar calar uma pessoa do que deixá-la falar”. Foi desta forma que Ricardo Araújo Pereira, conhecido humorista português, falou sobre Liberdade de Expressão, no passado dia 11 de fevereiro, no âmbito do ciclo Liberdades, numa parceria entre o Município de Óbidos e a editora Tinta-da-China. A ação decorreu no auditório municipal da Casa da Música, que acolheu cerca de 200 pessoas para assistir à análise de Ricardo Araújo Pereira.

Para o humorista, “quando se manda calar uma pessoa, isso causa o seguinte prejuízo: impede-nos de ouvir o outro”. Questão importante para Ricardo Araújo Pereira, até porque “esta é uma questão de higiene”. “A gente só sabe que aquela pessoa é um estúpido até ele abrir a boca”, justificou, garantindo que, nos últimos anos, o conceito de Liberdade de Expressão “tem vindo a mudar, porque também tem mudado aquilo que é uma ofensa e o que é ser ofendido”.

“Hoje é possível as pessoas ofenderem-se por coisas pequenas”, revela o autor, sublinhando que, antes, “se se fizesse um texto [humorístico] sobre Jesus Cristo, iria receber uma carta. Atualmente, vou receber cartas, não interessa o tema, porque hoje tudo é ‘sagrado’”, ironizou. Ricardo Araújo Pereira acrescenta mesmo que, atualmente, “há uma inclinação das pessoas para serem literais”, contrapondo que, no humor, “uma palavra nem sempre é aquilo que significa, sendo, muitas vezes, o seu contrário”. O humorista assegura que “o valor da palavra e o seu significado muda consoante o contexto”.

Numa palestra onde se falou de coisas sérias, mas onde houve também muito humor, Ricardo Araújo Pereira afirmou que “as palavras não causam o mesmo dano que uma ação”, pelo que, no tempo das redes sociais, “que têm um verdadeiro poder”, há que estar atento.

Recorde-se que Ricardo Araújo Pereira participou no Ciclo Liberdades, uma parceria entre a Óbidos Vila Literária e a Tinta-da-China, que começou com a presença do Luaty Beirão, a 11 de dezembro, sendo o primeiro escritor a falar sobre esta temática. O próximo encontro, a acontecer no âmbito deste ciclo, será com a escritora Dulce Maria Cardoso.

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