Promoção do Património Cultural através da Tecnologia

A promoção específica de Património Cultural torna-se mais efectiva se se utilizar tecnologia inovadora. Esta questão foi sublinhada nas apresentações e debates do 2º workshop CreativeCH , com a temática “Creative Heritage and ICT in the Experience Economy”, organizado pela Universidade de Coimbra na Conferência INVTUR/BiT 2012 em Aveiro, Portugal, em 17 de Maio passado.

Combinar património cultural e novas tecnologias a uma experiência única foi a ideia explorada no segundo workshop CreativeCH. Nesta era dos smartphones e tablets, aplicações móveis oferecem de forma especial uma gama variada de possibilidades.

“O aumento da competitividade no mercado significa que bens e serviços já não bastam por si só e que produtores deverão diferenciar os seus produtos ao transformá-los em `experiências‘ que envolvam o consumidor“, referiu o Professor Luís Moura Ramos, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, que apresentou o conceito da `economia da experiência‘. Este perito em economia salientou também que a compra de uma experiência dá ao utilizador a possibilidade de desfrutar de uma série de eventos memoráveis que envolvem o consumidor de uma forma pessoal. Os setores da cultura e da criatividade são especialmente os motores económicos que podem contribuir para esta economia da experiência.

Miguel Silvestre, do Município de Óbidos, explicou como uma comunidade de 11 mil habitantes foi capaz de se revitalizar e atrair turistas, conjugando uma agenda anual de eventos, com um conjunto e projectos de dinamização da economia assente na criatividade e inovação. Com um crescente contágio desta abordagem a novas áreas da actividade municipal, como a Educação ou a Acção Social, a Criatividade e Inovação são hoje encaradas como ferramentas fundamentais de preparação da comunidade para enfrentar os paradigmas dos nossos dias. Óbidos é, presentemente, um caso raro de um território e comunidade que é pensada, projetada e executada numa estratégia de médio prazo, com parcerias institucionais ou individulizadas da maior utilidade para o desenvolvimento local, numa abordagem de poder horizontal e num processo de gestão cada vez mais partilhado e integrador de pessoas com competências técnicas e sociais acima da média.

Uma outra forma de aumentar a experiência do utilizador  é através das aplicações móveis. Patrick Burkert, um dos criadores do Zeitfenster, defendeu como uma aplicação de viagem  que aumenta o tempo da realidade  possibilita ao utilizador visualizar sítios e edifícios do passado. A ideia consiste em utilizar janelas do tempo para mostrar uma foto histórica sobreposta ao objecto real, que pode ser fundida conjuntamente, mostrando, assim, a foto com a imagem actual ao fundo. De acordo com Burkert, um estudante da Universidade Stuttgart Media na Alemanha, uma cooperação mais próxima entre museus e peritos em tecnologia pode oferecer aos utilizadores a oportunidade de aceder a conteúdos aos quais normalmente não têm acesso.

Outra grande oportunidade que permite explorar o património cultural e os locais turísticos através do uso de tecnologia foi apresentado por Alexandre Pinto, da iClio, criador de outra aplicação móvel para viagem, a que foi dada o nome de Just in Time Tourist. A aplicação usa um iPhone, iPad ou Andriod para desenhar um audio guia personalizado para o turista, ao gerar rotas turísicas dinâmicas, mapas pormenorizados e informação de transportes públicos – particularmente para aqueles que só têm tempo para um pequeno circuito, como os viajantes de negócio.
O segundo workshop CreativeCH gerou interesse entre os visitantes da Conferência INVTUR/BiT e terminou com uma discussão acesa sobre património cultural e ICT – um tema que está a atrair a atenção global dos sectores da cultura e da criatividade.

O Professor Joaquim Carvalho, membro anfitrião, resumiu o workshop ao recomendar às instituições que têm o conteúdo que deverão prepará-lo eficientemente com a nova tecnologia de modo a adaptá-lo à experiência do utilizador. Joaquim Carvalho também enfatizou que “a própria produção do conteúdo é absolutamente essencial. Em suma, precisamos de pessoas para fazer a ponte entre o conteúdo e a tecnologia e selecionar, preparar e adaptar“.

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