“O Amor Mata”, de João Francisco Vilhena, em exposição em Óbidos

Inaugurou no passado fim de semana, em Óbidos, no Museu Abílio de Mattos e Silva, a exposição “O Amor
Mata”, do fotógrafo João Francisco Vilhena.

A mostra, provocadora, intensa, convida a uma reflexão sobre os paradoxos do amor, da dor infligida, física e psicológica, e surgiu integrada na programação do Sound of Diversity, um projeto europeu que tem como objetivo promover a diversidade, a igualdade e a inclusão, e que arrancou em Óbidos, onde permaneceu com diversas atividades, durante os dias 9 e 10 de maio.

“O Amor Mata” mergulha o público num universo visual onde o amor, em todas as suas formas e
contradições, é colocado sob o olhar crítico e sensível do artista e também professor universitário.

Esta exposição começou a desenhar-se em 2002, “quando li uma reportagem sobre um adolescente de 18
anos”, que assassinou a namorada “por tédio”. “Algo cresceu dentro de mim nessa altura. Percebi que tinha de fazer algum trabalho”, contou o autor, no arranque da inauguração da exposição, que foi acompanhada, do início ao fim, pelo som de um batimento cardíaco. “Todas as histórias que líamos sobre violência doméstica saíam apenas nos chamados tablóides. Parecia algo que estava um pouco escondido”, recorda.

A exposição “O Amor Mata”, inaugurada pela primeira vez em 2015 na galeria de arte contemporânea
Salgadeiras, em Lisboa, é composta por um conjunto de oito dípticos, “onde se expõem histórias reais de
mortes violentas”, por uma imagem a cores do coração de João Francisco Vilhena, e por oito objetos
comuns, do dia a dia, utilizados como armas, “emoldurados e suspensos sobre um fundo vermelho, a cor do sangue e do amor”.

Para João Francisco Vilhena, “é importante discutir estes temas com palavras e imagens fortes”, sobretudo numa era em que “os valores estão subvertidos”. Em contexto universitário, o também professor do ensino superior revelou que “vê rapazes a gritarem com as raparigas, por serem melhores alunas”.

A inauguração da exposição foi precedida de uma performance de Isa Araújo, e seguida de uma conversa
sobre violência doméstica com Patrícia Ferreira, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, com o tema
“Distância entre Amor e Ódio”.

Crime público desde 2000, “há ainda muito trabalho a fazer” no domínio da violência doméstica, mas
“muita coisa melhorou”, afirmou a dirigente. Trata-se de um crime que, “muitas vezes não tem
testemunhas, mas todos nós temos o dever de denunciar”. “Continuaremos a trabalhar na prevenção. E o
que estamos a fazer hoje, a falar sobre o tema, tem de continuar”.

Refira-se que a inauguração desta mostra terminou com um minuto de silêncio.

A exposição está patente até dia 20 de julho.

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